Violência
“Nós pedimos com insistência:
Não digam nunca: isso é natura!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão.
Em que corre o sangue,
Em que se ordena a desordem,
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza,
Não digam nunca: isso é natural!”
Bertold Brecht
O
ser humano é agressivo desde os primórdios da civilização, todos os animais
precisavam se defender dos agressores externos e com os humanos não foi
diferente. Com a evolução da consciência e inteligência melhoramos bastante,
mas continuamos assistindo todos os dias atos de violência banal, onde se mata
por nada, situação que nenhum animal dito irracional faz.
Em alguns países o índice de violência é baixíssimo
devido à cultura, as leis rígidas sem impunidade, infelizmente não acontece no
nosso querido Brasil, onde temos muitas leis ultrapassadas e cheias de brechas
para recursos para quem tem recurso principalmente.
Será que a nossa sociedade está conseguindo criar
condições adequadas para a não emergência desses impulsos destrutivos?
O que fazer para vencer o medo da
violência, ou diminuir a própria violência.
Como diz Bertold Brecht, só não podemos achar que tudo isso é natural! ,
senão será o fim!
O mundo está com medo de tudo e
de todos, isso afeta a nós, nossa família, escola, nosso bairro, cidade,
estado, país e mundo.
O que é violência? Podemos dizer que é
uma situação de reação ou coerção em que a pessoa foi submetida a um desprazer
desnecessário ao seu crescimento e seu desenvolvimento e ao seu bem estar
enquanto ser sadio psiquicamente levando a comportamentos inadequados.
Quem agride
violentamente não tem medo, ou tem desvios de personalidade ou a certeza da
impunidade das leis, e querendo tirar do outro de uma forma invejosa negativa, aquilo
que ele não consegue ter por seus próprios méritos, e acredita que não tem nada
a perder, e por se achar vitima do processo social desigual, o que é bastante relativo,
principalmente se for menor de idade.
Nossa civilização parece não
estar dando conta de canalizar a violência, e os motivos são muitos, como a desestruturação
da família, escola impotente e sem autoridade para exigir valores éticos e
morais, uso de drogas, desemprego, leis frágeis e com brechas, autoridades
políticas e policiais receosas de cumprir suas obrigações, excesso de direitos
e pouco cumprimento dos deveres, corrupção, falta de limites, responsabilidades
e respeito, onde quem manda é o dinheiro e a sede de poder e domínio, em todas
as classes sociais e econômicas, devido ao individualismo e o cada um por si.
Assim o medo da violência se alastra nas ruas, com as drogas e a
criminalidade. No entanto não podemos ser omissos e passivos perante esse
estado que não é de hoje, mas se agrava a cada dia.
Devemos estabelecer uma nova ética com valores pela vida sobre a morte.
Um projeto constante que todos devemos estar engajados, para que nós, nossos
filhos e amigos e todos aqueles que amam a vida e a si mesmo enfrentem com
coragem os desafios. Para Aristóteles, a política, é tornar feliz a
coletividade, será que um dia conseguiremos isso dos nossos políticos?
Devemos ter medo para
proteção das nossas vidas, mas esses medos não podem nos impedir de viver, caso
contrario o medo evoluirá para a ansiedade patológica, fobias e pânico geral, e
não podemos deixar que isso aconteça.
Não temos
oficialmente pena de morte nem prisão perpetua nas leis, mas se pensarmos bem
temos sim, os assassinos decretam a pena de morte e matam friamente, no caso da
prisão perpetua quem se sente preso e punido são as vitimas, parentes e amigos
daqueles que cometeram os atos e muitas vezes ficam pouco tempo atrás das
grades.
Se cada um fizer o seu
papel, a maioria boa vencerá a minoria má.
Não vamos esperar que caia do céu as soluções.
Tenhamos ESPERANÇA,
que nos próximos anos melhore, esperança é o que nos resta.
Marco Antonio Garcia
Psicólogo Clinico e psicoterapeuta.