Amor ou sofrimento
O ser humano convive com a insatisfação e em constante conflito entre o SER e o TER. Vivemos numa sociedade ocidental capitalista materialista que valoriza o ter, e por mais que tentemos buscar a felicidade que é efêmera, voltamos à insatisfação que gera sofrimento, angústia , porque nos apegamos , desejamos e necessitamos de coisas materiais de forma possessiva, obsessiva, compulsiva, e nos martirizamos com nossos pensamentos, sentimentos, intuições e percepções, numa realidade ora pessimista ora otimista. Queremos preencher um vazio interior com coisas exteriores e não adianta, o vazio é de carências, muitas vezes estão no passado e mal compreendidas e não se preenche com aquisições externas.
O imediatismo, a impaciência, a intolerância, a insegurança, a dependência, faz com que não estejamos satisfeitos com o que temos e somos, e cada vez mais cobrados por nós mesmos, pela família, e pela sociedade, não respeitamos nossas vontades e limites. Fazendo parte de um processo de desenvolvimento e transformações e mudanças interiores e exteriores.
A vida é como uma estrada que liga uma cidade a outra, e nós estamos nessa estrada que simboliza o presente, sabemos de onde viemos e aonde queremos chegar, no entanto nos preocupamos muito de onde viemos que é o passado bem como para onde vamos que é o futuro, e deixamos de nos preocupar com o presente, que é o que temos e somos por isso sofremos, e é difícil caminhar nessa estrada com muitos pedágios, perigos, retas longas, subidas e descidas, curvas fechadas às vezes escorregadias, às vezes com sol, às vezes com chuva, alguns trechos muito bonitos com natureza, todos esses percalços, já seriam suficientes para nos preocuparmos com a vida presente.
Segundo o Buda Sidarta, temos que viver da melhor forma o presente, sem se apegar ao passado ou ansiar o futuro, se vivermos bem o presente, no futuro independente de existir outra vida ou não, pelo menos vivemos intensamente o presente, mas de forma responsável e com mais momentos de felicidade, no caminho da individuação. Por isso temos o livre arbítrio e podemos escolher fazer as coisas por amor sem muito sofrimento ou pela dor, brigando e nos flagelando pelos desejos e sonhos materiais consumistas.
Quanto ao sofrimento, devemos aprender a lidar com ele, e extrair o que tem de bom, tirando lições e aspectos positivos mesmo nas piores situações, buscando as causas com calma e sabedoria, não tendo reações impulsivas, pensando para agir corretamente, pois cada um tem o problema e o sofrimento que precisa e todo problema tem solução. Devemos aprender com as situações para conhecê-las e se conhecer e aceitar-se para viver bem e melhor. Se você estiver bem consigo, estará bem com o universo.
Ansiamos para ter respostas sobre a vida e a morte, devemos dar um passo de cada vez e assim continuaremos a caminhada existencial. Devemos nos libertar da flecha do sofrimento e cuidar do ferimento e tirar lições e aprender sempre, somos eternos aprendizes e muitas vezes nos achamos mestres, mas o verdadeiro mestre é aquele que aprende enquanto ensina. O sofrimento pode ser físico, emocional, familiar, social ou espiritual, depende de mim como lidar com ele. Seja sábio e de tempo ao tempo.
Marco Antonio Garcia
Psicólogo Clinico.
mag.sp@hotmail.com
Artigos da coluna Psicologia no Jornal Semanário da Zona Norte desde 1999. Quadro na radio Studio 1 Web Radio, aos sábados das 10 as 12 horas. Estamos em constante processo de individuação ... Contato tel. 11 2950 4037
sexta-feira, 18 de julho de 2014
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