A criança interior
Passamos por varias fases no desenvolvimento
humano, como, a infância, adolescência, juventude, fase adulta e velhice. Todas
são importantes para o nosso processo de individuação, no entanto para mim a
mais importante é a infância, desde a gestação até mais ou menos doze anos.
Nesse período passamos por acontecimentos
que ficarão marcados para a vida toda e na maioria das vezes inconscientes ou subconscientes,
pois a consciência emerge por volta dos dois ou três anos.
Jung já falava do arquétipo da
criança interior desde 1940, dizendo que todo adulto tem sua criança interior e
eterna, que quer ser aceita, compreendida e resgatada, precisando ser cuidada
com atenção e educação constante, sendo uma parte da personalidade que quer
continuar se desenvolver para se tornar completa, precisando fazer uma limpeza
das memorias negativas e traumáticas da criança ferida, através de uma
psicoterapia profunda e consciente.
A criança interior é nosso
passado infantil que quer se renovar e evoluir no processo de desenvolvimento
eterno com amor próprio, elaborando os sentimentos reprimidos trazendo-os para
o presente para supera-los, se aceitando, e adaptando e se perdoando na busca
do autoconhecimento.
Compreender nossos medos e inseguranças, como
os medos de abandono e rejeição, querendo ser amada e protegida com carências
sem fim. Muitas vezes quando se chora é a criança interior que está chorando
com medo da solidão, dor e sofrimentos. Quando se brinca feliz mesmo quando adulta
é a criança interior que foi também feliz em muitos momentos, por isso brincar,
sorrir e sonhar é tão saudável em qualquer idade.
A criatividade e a curiosidade
vêm da infância quando se é estimulado a desenvolver a autoestima com
reconhecimento e elogios, reforçando o amor próprio, tão importante para o
processo de individuação.
Nossa criança interior precisa
muito dos pais, que ensinam e estimulam com boas praticas educacionais, assim
quando forem pais e avós também ensinarão com amor.
Todos nós tivemos bons e maus
momentos na infância, por isso precisamos expressa-los no presente para que
possamos construir um futuro melhor.
Se
fomos educados sob pressão e castigos, levaremos isso para a fase adulta, sendo
perfeccionistas, críticos, agressivos com culpas e exigentes com agente mesmo,
se tornando muito ansiosos e obsessivos, precisando da aprovação do outro se
tornando inseguros e carentes. Assim também se fomos educados com muita
proteção sem limites e disciplina seremos adultos egoístas e egocêntricos,
também sofrendo, pois a vida cobrará seus comportamentos inadequados.
Somos seres em processo de
evolução desde a gestação, por isso uma boa educação deve ser com carinho,
amor, dialogo, respeito, atenção, independência e autonomia, como também com autoridade
disciplina e limites. Somente assim seremos seres humanos mais equilibrados e
conscientes.
Marco Antonio Garcia
Psicólogo e psicoterapeuta
Junguiano