A busca do Self
Self
para a psicologia é uma imagem arquetípica plena do ser humano, sua totalidade,
centro da psique humana. O si mesmo, nossa divindade interior que devemos temer
e respeitar, para alcançar a individuação no conflito entre o Ego e o Self, a
parte e o todo que serão integrados e realizados. Para Jung a Individuação
ocorre quando o indivíduo torna-se si mesmo, inteiro, indivisível, e distinto de
outras pessoas, embora em relação com elas, buscando o equilíbrio e não os
extremos que tanto causam sofrimento humano. Pouquíssimas pessoas alcançam a
individuação ao longo da vida, pois estamos muito mais voltados ao
individualismo do que a individualidade.
Temos o livre arbítrio, por isso podemos escolher em sermos
individualistas ou buscarmos a individualidade através da individuação, que é o
individuo em ação.
No
individualismo a pessoa só pensa nela, sendo egoísta, mentirosa, competitiva de
forma negativa; vivemos numa sociedade individualista, consumista, insegura,
que valoriza o que se tem e não o que se é. Somos compelidos a comprar uma
roupa nova, um carro novo, frequentar o melhor restaurante, comprar joias para
se mostrar para a sociedade, apesar do vazio interno, alimentando a soberba.
O Individualista precisa aparecer, quer seja
no trabalho, nas competições esportivas, nas artes em geral, muitas vezes se
mostrando o que não é usando uma mascara social, a persona, como diziam os
gregos, mas sofre devido ao processo enantiodromico psíquico, que é sair do equilíbrio,
ir contra a própria natureza, ficando nos extremos, sendo resistente a mudanças
importantes de aceitação, elaboradas
Na
individualidade a pessoa se preocupa mais em ser do que ter, ela se aceita
mais, se valoriza, reconhece seus erros e dificuldades, tenta ser o que
realmente é, busca o autoconhecimento com sabedoria, ajuda o outro a refletir,
sendo honesto e verdadeiro, busca a tríade, liberdade, igualdade e fraternidade.
Quem
busca sua individualidade enfrenta os problemas na medida em que surgem, encara
face a face e olho no olho. Tem autoestima e amor próprio, sem precisar ser
egoísta ou altruísta, equilibrando os interesses e as necessidades humanas. Desenvolve
sua personalidade de forma flexível, buscando uma identidade própria, sem
fanatismos, alienações, dependências e paixões que anulam o ser, muito comum na
adolescência cronológica e psíquica, querendo se identificar com o outro pelo
que ele se mostra ser, e não pelo que é realmente, querendo imitar ídolos e
heróis, muitas vezes sociopatas.
Precisamos de valores morais e éticos,
educação com qualidade e conscientização.
Uma
sociedade que não respeita o próximo com empatia tende a sucumbir. Entenda a
diferença entre solidão e solitude.
O caminho da individuação busca a liberdade
pessoal com responsabilidade coletiva, com ampliação da consciência e a
totalidade do ser, integrando o arquétipo sombra á consciência, através do
processo de individuação compreendendo os símbolos que emergem do inconsciente,
enfrentando as resistências que nos fazem sofrer, quando não a enfrentamos.
A individuação é um processo, pois não tem fim,
é o constante trabalho interior de ampliação da consciência através do si mesmo,
que é o conhecimento que temos de nós mesmo, sendo o centro da personalidade,
que segundo Jung, o Self, tem por objetivo a realização da totalidade e da
individualidade independente da nossa vontade, querendo evoluir, e quando isso
não acontece pelos nossos medos, sofremos mais, com angustias e sentimentos de
impotência, ou prepotência, sabendo que o medo é inimigo da vontade.
No pós-pandemia será que seremos melhores ou piores,
depende de cada um, ou seremos o que sempre fomos?
Marco Antonio Garcia
Psicólogo e psicoterapeuta
Blog: psicologiaemartigos. blogspot.com.br
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