segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Possessão pelo outro

Quando falamos em possessão pelo outro, queremos dizer, tomar o outro para si, se identificar com ele, apaixonar-se ao ponto de se anular. Sendo assim uma patologia difícil de ser tratada, pois não está na consciência e sim no inconsciente que é irracional, onde estão os arquétipos como a anima e o animus, e segundo Jung. “O arquétipo da anima (termo em latim para alma),constitui o lado feminino no homem, e o arquétipo do animus(termo em latim para mente ou espírito), constitui o lado masculino na psique da mulher. Ambos os sexos possuem aspectos do sexo oposto, não só biologicamente, através dos hormônios e genes, como também, psicologicamente através de sentimentos e atitudes.”
O homem traz consigo, como herança, a imagem de mulher. Não a imagem de uma ou de outra mulher especificamente, mas sim uma imagem arquetípica, ou seja, formada ao longo da existência humana e sedimentada através das experiências masculinas com o sexo oposto.
Cada mulher, por sua vez, desenvolveu seu complexo de animus através das experiências com o homem durante toda a evolução da humanidade.
Ao observamos algum distúrbio de comportamento promovido pela anima quando em estado inconsciente pode fazer com que o homem, numa possessão extrema, tenha comportamento tipicamente feminino, como alterações repentinas de humor, falta de controle emocional e até conversões e ataques do tipo histérico e compulsivo. A mulher poderá também ter comportamentos tido como masculinos, sendo muito racional focada sem perceber o todo, ou agressiva.
Em seu aspecto positivo a anima, quando reconhecida e integrada à consciência, servirá como guia e despertará, no homem o desejo de união e de vínculo com o feminino e com a vida pessoal e profissional. Assim também a mulher quanto tiver o animus integrado, juntará as qualidades femininas com as masculinas, sendo uma excelente profissional.
A valorização social do comportamento viril no homem, desde criança, e o desencorajamento do comportamento mais agressivo nas mulheres, poderá provocar uma anima ou animus subdesenvolvidos e potencialmente carregados de energia podendo ser positiva ou negativa.
Um animus atuando totalmente inconsciente poderá se manifestar de maneira também negativa, provocando alterações no comportamento e sentimentos da mulher.
O animus e a anima devidamente reconhecidos e integrados ao ego contribuirão para a maturidade do psiquismo através da individuação.
Anima e animus são responsáveis pelas qualidades das relações com pessoas do sexo oposto. Enquanto inconscientes, o contato com estes arquétipos são feitos em forma de projeções. Projetamos no outro aquilo que gostamos em nós ou não, assim podemos nos tornar submissos ou cruéis com o outro, mas o maior prejudicado será nós mesmo, por sofremos pelo nosso não amadurecimento psíquico em relação a esses aspectos masculino e feminino, que devemos integrar para chegarmos ao amor que é o equilíbrio das relações, sem paixões, ódios ou possessões.
O homem, quando se apaixona por uma mulher, está projetando a imagem da mulher que ele tem internalizado. É fato que a pessoa que recebe a projeção é portadora, como dizia Jung, de um “recipiente” que a aceita perfeitamente, como a união entre antígeno e anticorpo ou chave e fechadura, o mesmo pode acontecer com a mulher, por isso assistimos diariamente crimes passionais, onde o individuo surta não aceitando o termino da relação, devido a sua insegurança, impotência, controle e possessão pelo outro.
O ato de apaixonar-se e decepcionar-se, nada mais é do que projeção e retirada da projeção do objeto externo. Geralmente o que se ouve é que a pessoa amada deixou de ser aquela por quem ele se apaixonou, quando na verdade ela nunca foi, só serviu como suporte da projeção de seus próprios conteúdos internos.
Para o homem a figura materna, geralmente a mãe biológica, é o primeiro objeto a receber a projeção da anima, ainda quando menino, o que se dá inconscientemente. Também acontece com a menina em relação ao pai.
A qualidade, do relacionamento entre pais e filhos, será essencial e determinará a qualidade dos relacionamentos, com outras pessoas do sexo oposto ou até do mesmo sexo. Muitas vezes pais dominadores e controladores ou ausentes, podem influir no relacionamento futuro desses filhos. No entanto quando o individuo se liberta buscando sua individualidade consciente e se conscientizando disso tudo, através do autoconhecimento, obtido muitas vezes através de uma psicoterapia, se aceitará , podendo evoluir no processo de mudança interior e exterior sem arrancar sua raiz.
Portanto sofrer faz parte da evolução, pois somos seres insatisfeitos, mas podemos optar entre aprender e evoluir pelo amor ou pela dor.
Você decide.
Feliz 2012 comece agora seu processo para ter mais momentos de felicidade.
Marco Antonio Garcia
Psicólogo e Consultor
WWW.psicologiaemartigos.blogspot.com

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