segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Individuação

Para escrever sobre individuação, preciso citar Carl. G. Jung, meu Mestre, para ele a Individuação ocorre quando o indivíduo torna-se si mesmo, inteiro, indivisível, e distinto de outras pessoas, embora em relação com elas, buscando o equilíbrio e não os extremos que tanto causam sofrimento humano. Pouquíssimas pessoas alcançam a individuação ao longo da vida, pois estamos muito mais voltados ao individualismo do que a individualidade. Temos o livre arbítrio, por isso podemos escolher em sermos individualistas ou buscarmos a individualidade através da individuação, que é o individuo em ação. Vejamos como:
No individualismo a pessoa só pensa nela, sendo egoísta, mentirosa, competitiva de forma negativa; vivemos numa sociedade individualista, consumista, insegura, que valoriza o que se tem e não o que se é. Somos compelidos a comprar, uma roupa nova, um carro novo, se alimentar no melhor restaurante, obter jóias para se mostrar melhor externamente, apesar do vazio interno, alimentando a soberba.
O Individualista precisa aparecer, quer seja no trabalho, nas competições esportivas, nas artes em geral, muitas vezes se mostrando o que não é usando uma mascara social, a persona, como diziam os gregos, mas sofre devido ao processo enantiodromico psíquico, que é sair do equilíbrio, ir contra a própria natureza, ficando nos extremos, sendo resistente a mudanças importantes de aceitação, elaboradas em psicoterapia. Diz não ter tempo, mas não tem é vontade de superar e enfrentar os desafios e continua sofrendo. Muitas vezes tendo o que chamamos de duas caras, sendo hipócrita.
Na individualidade a pessoa se preocupa mais em ser do que ter, ela se aceita mais, se valoriza, reconhece seus erros e dificuldades, tenta ser o que realmente é, busca o autoconhecimento com sabedoria, ajuda o outro a refletir, sendo honesto e verdadeiro, busca a tríade, liberdade, igualdade e fraternidade.
Quem busca sua individualidade enfrenta os problemas na medida em que surgem, encara face a face e olho no olho. Tem auto-estima e amor próprio, sem precisar ser egoísta ou altruísta, equilibrando os interesses e as necessidades humanas. Desenvolve sua personalidade de forma flexível, buscando uma identidade própria, sem fanatismos, alienações, dependências e paixões que anulam o ser, muito comum na adolescência cronológica e psíquica, querendo se identificar com o outro pelo que ele se mostra ser, e não pelo que é realmente.
Ter um ídolo, ou um herói, é importante, mas sem se identificar simbioticamente, precisamos de bons exemplos em varias áreas, com lideres realmente democráticos e não corruptos e sociopatas.
Precisamos de valores morais e éticos, educação com qualidade e conscientização.
Uma sociedade que não respeita o próximo tende a sucumbir.
O caminho da individuação busca a liberdade pessoal com responsabilidade coletiva, com ampliação da consciência e a totalidade do ser, integrando o arquétipo sombra á consciência, através do processo de individuação compreendendo os símbolos que emergem do inconsciente, enfrentando as resistências que nos fazem sofrer, quando não a enfrentamos.
A individuação é um processo, pois não tem fim, é o constante trabalho interior de ampliação da consciência através do Si - mesmo, que é o conhecimento que temos de nós mesmo, sendo o centro da personalidade, que segundo Jung, o Self, tem por objetivo a realização da totalidade e da individualidade independente da nossa vontade, querendo evoluir, e quando isso não acontece pelos nossos medos, sofremos mais, com angustias e sentimentos de impotência, ou prepotência, sabendo que o medo é inimigo da vontade.

Marco Antonio Garcia
Psicólogo
Blog: psicologiaemartigos.blogspot.com

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